Cadê a luz do Natal?
Restando pouca bateria
Depois de tanta gritaria
No silêncio da noite
Escrevo poesia
Para acalmar a mente
Tenho tanto para dizer
Por que tanta preocupação com a rima?
Tenho tanto para dizer
Mas de que adianta, se com a maioria não combina?
Até dentro da minha comunidade eu sou minoria
As vezes nem o escuro da noite silencia meu tormento
Ontem no trem, fizeram rima da minha tatuagem: um astronauta sentado em Saturno
Me sinto um estranho, até já me falaram que eu não vim desse planeta..
Pareço estável, mas pode acreditar, dentro de mim ainda há muita energia
A luz do celular apaga, fico com o papel e a caneta na minha frente
Sorrio ao lembrar que encontrei uns parceiros e umas minas que também correm atrás de alguma garantia
Tá acabando o ano, nem tudo é alegria
O Brasil continua no ranking da morte, tem nome, é transfobia
Liberdade é quando todos estiverem a salvo de tanta violência
Eu já sei que tudo é processo, mas tenho tanta pressa de viver
Tantos anos tentando entrar numa caixa, desisti de parecer com a maioria
Não aguento mais tanta gente esperando campanhas de natal para brincar ou até mesmo para comer, ou ainda pior , escolhendo a vida toda entre não ser ou morrer
Por ter embarcado comigo, obrigado amigos e família..
Tanto tempo, nem mais acreditava, hoje sou tão feliz em simplesmente ser!
É meio chato ser ET, sempre perco no jogo de mais valia
Costumo falar de esperança, mesmo em silêncio
Palavras pretas num fundo branco, que para você, talvez, não faça a menor diferença