PADECIMENTO

 

No louco desejo de tê-la

Tornei-me um pobre demente

Imaginando possuir-te

Possuo a loucura somente.

 

Por estás sempre distante

Tão distante como as estrelas

Eu padeço sem possuir

Suas mãos carinhosas e belas.

 

Mesmo distante eu te venero

Como devoto venera a santa

Teu desprezo são os espinhos

Que dentro de mim você planta.

 

Quando meus ouvidos ouvem

Tua suave e imaculada fala

O meu coração barulhento

Rapidamente se acalma e cala.

 

Penso ser somente para mim

Este falar que me enlouquece

Perco a razão que eu mantinha

E um louco anseio transparece.

 

Mas não é para mim

Então minha alma geme

Aflora um ódio sem fim

Minha pele rígida treme.

 

Quem me dera então voltar

Ao inocente sonhar de criança

Para desfazer o desgosto adulto

E viver nos braços da esperança.

 

Apesar do esforço eu não consigo

Acalmar meu ensejo que se agita

Torre de desejos no fútil hospício

Onde essa paixão insana habita.

 

Sem querer, dizendo que não

Meus olhos buscam os teus

Eu encontro-te de lábios abertos

Eu encontro-te dizendo-me adeus.

 

Não entendo, ó bela criatura

Porque nos condena à tristeza

Padecendo-me de tanta loucura

Padecendo-te de tanta frieza.

 

Frieza feita em uma só geleira

A nos colocar em dois polos

Mas em mim ainda há calor

Basta olhar nos meus olhos.

 

Ó bela criatura, decidas então

Dar-me teu zelo eternamente

Ou aumente o teu desprezo

Que será matar-me, sempre.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 22/12/2021
Código do texto: T7413018
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