POEMAS NÃO SÃO PARA ORELHAS
Torturei de tal modo o poema para sabê-lo
desumanizei-lhe os acessórios
modifiquei o que lhe era flexível
esmaguei cada verso no vai e vem do moedor de cana
não brotou uma lágrima de confidência
violentei a soma de seus átomos
medi altitude e lateralidades
matéria que se disfarça em outra
sem nunca ter força para sê-la
(ainda que magnífica)
olvidei de vê-la
nem de leve assomei a profundeza
poemas não são para orelhas