O Pé de Limão
Poéticas visões ultrapassavam seus galhos...
e alcançavam com força o chão de terra batida e o coração valente...
em êxtase e contemplação.
Cabelos ao vento... velados intentos em estupor e sofreguidão...
perdiam-se na imensidão.
Frívolos pensamentos povoados de tristeza e dor voavam ...
transcendendo angústia e mágoa em ebulição...diante do ácido pé de limão.
Incompreendido e amargo sabor vagueava todo espaço...num cansaço translúcido
de alucinação.
A luz emanada do céu sem censura insistia em invadir a terra em contagiante e terna inspiração...
reproduzida ao longe por vozes, cantorias e foguetórios que anunciavam nova estação.
Alheia a tudo a figura inerte, desfalecida perdia-se na escuridão...e com dificuldade fitava o vazio do infinito
através do arvoredo recheado de luz, clamando aos céus misericórdia e compaixão.
A brisa e luzes matutinos tomavam o céu e a alma, ignorando a tudo em efusiva invasão festiva de esperança
e libertação... e o vento em revoada emanava suave perfume, trazendo consigo sono tranquilo.
E em envolvente e multicolorido céu num universo de sonhos viajava em voos rasantes sobre as asas
de borboletas azuis em profusão.
E assim...a vida...o pé de limão...a tristeza...a lua...o sol...o cansaço não existiam mais ...existia simplesmente
exaltação.
E... como fórmula mágica, a natureza clamou...emergiu...poetizou ...encantou e tudo povoou de amor e compreensão.
Para o ser obstinado deixou a certeza que tudo passou, compensou e frutificou em evolução.
E... tudo ciclicamente se materializou, ensinou e ditou sua missão.
20/12/2021