ESTILHAÇOS
O vento seco não importa
A porta segue aberta
Aguardando a sua volta.
A saudade arfando no peito
Eu no meu desajeito suspiro
E me firo em minha tristeza.
Sobre a mesa o velho caderno
Embriagando-se com meus versos
Morrendo de cirrose celulósica.
O latido do nosso cão bom de faro
Acuando a agonia que ronda
O singelo casebre que te espera.
Sua partida foi o fim de várias coisas
A caneca com resquícios do último café
Quis se fazer em cacos jogando-se contra a parede
Misturando-se aos murmúrios do nosso retrato.
A secura do vento bafeja em meu rosto
Escombros do nosso castelo de sonhos
Mas eu vejo nos estilhaços do espelho
A mão da esperança me pedindo calma.