ESTILHAÇOS

 

O vento seco não importa

A porta segue aberta

Aguardando a sua volta.

 

A saudade arfando no peito

Eu no meu desajeito suspiro

E me firo em minha tristeza.

 

Sobre a mesa o velho caderno

Embriagando-se com meus versos

Morrendo de cirrose celulósica.

 

O latido do nosso cão bom de faro

Acuando a agonia que ronda

O singelo casebre que te espera.

 

Sua partida foi o fim de várias coisas

A caneca com resquícios do último café

Quis se fazer em cacos jogando-se contra a parede

Misturando-se aos murmúrios do nosso retrato.

 

A secura do vento bafeja em meu rosto

Escombros do nosso castelo de sonhos

Mas eu vejo nos estilhaços do espelho

A mão da esperança me pedindo calma.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 19/12/2021
Reeditado em 19/12/2021
Código do texto: T7410877
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