Gênese poética

No princípio não havia verbo

Porque o verbo estava comigo

Porque o verbo era eu.

Minha leitura do externo era interna

Num idioma em que só eu era alfabetizado.

As não-palavras voavam

como borboletas aprisionadas num vidro opaco.

Mas o desejo de estabelecer conexão com outros mundos

Até então ligados pelos fios invisíveis da consciência comum

Passava necessariamente pela matéria.

Daí, assim como um espirito se faz carne, a poesia se verbaliza

Dando origem às palavras-espelho

E mesmo que o produto final dessa transubstanciação

seja sem forma e vazio,

há que se apreciar a aura vibrante

que circunda aquelas débeis,

porém densas palavras.

Mas é necessário olhá-las bem de perto...

Dan Rudá
Enviado por Dan Rudá em 18/12/2021
Reeditado em 28/11/2023
Código do texto: T7410026
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