ABENÇOADO REDEMOINHO
Do amor, gozos, guizos e manhas,
cada pétala é avassaladora,
cada poro se diz flambado.
Do amor, gritos e mantos,
riso mirado e estabanado,
cores embaralhadas ao bel gozar.
Do amor, quitutes e rebarbas ralas,
rastros difusos, embaralhados, esgarçados,
dores embebidas num quebranto lindo.
Do amor, avessas tantas e tontas sombras,
cravejados de migalhas roucas,
exasperado nos poréns e senões,
entretido numa armadilha sem pai.
Do amor, vai e volta sem asneiras,
resvalo meus vãos secos e reféns,
como se meus donos fossem todos,
como se meus gritos nada calarão,
como se a vida se fartasse de só ser vida..
Do amor, asas plenas e rareadas,
estico cada grão de fé sem medo,
pereço convicto nessa querela louca,
resgato meus punhais sem perdão, sem volta.
Do amor, abençoado redemoinho,
devaneio com sangue desatado e voraz,
sacudo nas peneiras da insônia minha merenda maior,
eternizo meu chão lambuzando de querer-bem e nada mais.