Céu fechado

Encaro o meu entusiasmo,

morto,

como uma flor de verão,

em cima de uma cova.

Talvez eu tenha cavado a minha própria

quando eu resolvi acreditar

nas mesmas palavras,

na mesma história de sempre

esperando um final diferente.

Acho que já faz parte de mim

ter esse tipo de crença idiota

essa fé cega em ilusões

e na espera

por um final feliz.

Hoje, não vejo nada

além de um céu fechado

sobre a minha cabeça,

mas eu aprendi a navegar

pelas tempestades dos dias ruins.

e assim persisto com meus passos lentos

e sem objetivo,

enquanto ela segue pra onde aponta

o próprio nariz.

Que me importa que a chuva ensope os meus cabelos?

e o vento carregue as minhas lágrimas

até o mar...

já não me incomoda

o que antes me arrebentava o peito,

já não me dói o esperar

por que enfim, já não espero

eu simplesmente sigo

e me jogo sem olhar

em cada poça

em cada esquina,

em cada corpo

em cada cama...

em que tento

me afogar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 12/12/2021
Código do texto: T7405928
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