Céu fechado
Encaro o meu entusiasmo,
morto,
como uma flor de verão,
em cima de uma cova.
Talvez eu tenha cavado a minha própria
quando eu resolvi acreditar
nas mesmas palavras,
na mesma história de sempre
esperando um final diferente.
Acho que já faz parte de mim
ter esse tipo de crença idiota
essa fé cega em ilusões
e na espera
por um final feliz.
Hoje, não vejo nada
além de um céu fechado
sobre a minha cabeça,
mas eu aprendi a navegar
pelas tempestades dos dias ruins.
e assim persisto com meus passos lentos
e sem objetivo,
enquanto ela segue pra onde aponta
o próprio nariz.
Que me importa que a chuva ensope os meus cabelos?
e o vento carregue as minhas lágrimas
até o mar...
já não me incomoda
o que antes me arrebentava o peito,
já não me dói o esperar
por que enfim, já não espero
eu simplesmente sigo
e me jogo sem olhar
em cada poça
em cada esquina,
em cada corpo
em cada cama...
em que tento
me afogar.