ENTREGA

 

Mutum morre

E nas águas barrentas de seus rios

Sofrimentos

Somente os peixes sabem perdoar.

 

Temos as montanhas

As sisudas montanhas que delineiam horizontes

E o ar que respiro roubo da natureza

E dessa evolução lenta

Sem poesia alguma a que nos submetemos.

 

Nada adianta olhar a fruta em galhos

E pajear as capivaras

O caos vai virando cancro descendo a colina

É preciso ter chumbo para a espingarda e açúcar.

 

Os coronéis não sabiam que tudo é cíclico

As mortes inocentes gemem eternamente

E o amor pela moça na janela

Embala a vida como gasolina

Em motores excitados.

 

Então o poema suja o papel

Como se fosse necessário

Para o coração de um povo que ofega

Diante do desafio

E se entrega ao desejo de viver.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 11/12/2021
Código do texto: T7405340
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