EM PAPÉIS ÁSPEROS

 

Mais lágrimas nos olhos que sorriam

Quando o dia sussurrava elogios desconexos

Agora pedregulhos que enganam a alma

Desejosa de bailar sobre a rotina fatídica.

 

Ninguém tem consideração pela voz

Ecoando entre as montanhas desoladas

Que pajeiam o vale na sua inocência

Absorvendo o sangue de nossas feridas.

 

Meus passos deixaram nódoas em lençóis

E pegadas em corações que tentaram

Poetizar em sombras de tardes ruminantes

Enquanto as palavras rondavam corpos

Tombados em batalhas insanas pela paz.

 

Eu não sei abrir os embrulhos que chegam

E nem rabiscar frases mudas em papéis ásperos

Apenas carrego em meu peito o que senti

Quando vi que não havia mais flores em jardins

E nem sorrisos na noite que se embriaga no bar.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 10/12/2021
Código do texto: T7404425
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