ECOS
Falando que a vida é apenas a saída
De nossas muralhas erguidas em tardes
Quando a brancura do dia se esvai
Entre dedos calejados da luta cíclica
A flor sussurra silêncios gritantes.
Dizendo para o mundo não acordar
Em busca do sol que mente sem dó
Fingindo bronzear a pele sobre ossos
Pescando migalhas do grande mercado
As folhas quedam para abraçar o solo.
Cochichando na orelha da noite vadia
Roçando a cidade poluída de farsas
E tratados assinados com tinta e álcool
Colorindo de amarelo os sorrisos falsos
As pequenas formigas escrevem histórias.
Gritando ofegante para um povo áspero
Dentro da rudeza que a labuta talha
Os ecos de Yuro se fazem vivos ainda
Quando o tiro encontra mais um corpo
O esgoto insiste em límpidas intenções.
Silencioso em um canto da sala perdida
Não arrisco a palavra que muda tudo
Apenas miro a poesia no controle remoto
Zapeando pelas realidades artificiais
Enquanto os sons constroem labirintos.