ECOS

 

Falando que a vida é apenas a saída

De nossas muralhas erguidas em tardes

Quando a brancura do dia se esvai

Entre dedos calejados da luta cíclica

A flor sussurra silêncios gritantes.

 

Dizendo para o mundo não acordar

Em busca do sol que mente sem dó

Fingindo bronzear a pele sobre ossos

Pescando migalhas do grande mercado

As folhas quedam para abraçar o solo.

 

Cochichando na orelha da noite vadia

Roçando a cidade poluída de farsas

E tratados assinados com tinta e álcool

Colorindo de amarelo os sorrisos falsos

As pequenas formigas escrevem histórias.

 

Gritando ofegante para um povo áspero

Dentro da rudeza que a labuta talha

Os ecos de Yuro se fazem vivos ainda

Quando o tiro encontra mais um corpo

O esgoto insiste em límpidas intenções.

 

Silencioso em um canto da sala perdida

Não arrisco a palavra que muda tudo

Apenas miro a poesia no controle remoto

Zapeando pelas realidades artificiais

Enquanto os sons constroem labirintos.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 10/12/2021
Código do texto: T7404193
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