DO TEMPO QUE RESSOA

 

Na boca fechada não entra mosquito

Mosquito sem asa não voa

Da boca calada não se ouve grito

Mas um silêncio que ecoa.

 

O sujeito passa com passo esquisito

Resquício do tempo que ressoa

Se há pressa é porque está aflito

A aflição é sino que soa.

 

O que se ouve é estrondo do conflito

Condição para ficar numa boa

Eu rondo pela cidade no seu delito

Delírio de quem ronca e não zoa.

 

Na estridência da canção do apito

O sangramento de uma pessoa

Eu sei que na vida cada gesto é um rito

Mas o sujeito ri à toa

E cada um quer se tornar um mito

Mais que rir, caçoa.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 09/12/2021
Reeditado em 09/12/2021
Código do texto: T7403737
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