A MESMA LUA
Não conte comigo em noites de lâmpada acesa
A casa onde moro me aprisiona em seu frio
É assim que me vejo em espelhos embaçados
Um rosto desalinhado sobre lençóis sufocantes
Você não percebe meu sopro sobre as centelhas
Por mais que eu não queira, elas se apagam
Não adianta medir esforços para me salvar
Acolho minha sentença como inspiro oxigênio.
A cidade não conta com minha presença em suas ruas.
As grandes avenidas não foram feitas para acolherem meus passos
Aquele néon não é luz que me guia pela escuridão
Eu tenho certezas que não se ajustam em qualquer engrenagem.
Deixe-me e vá curtir o calor de homens e mulheres
Dançando em volta da fogueira onde se queima as felicidades
Suas escolhas exigem meu respeito e eu não tenho forças
Apenas vivo minha intuição enquanto meu coração se dilacera
Não é por acaso que vemos a mesma lua em fases distintas.