DE REPENTE

 

De repente você se armou e começou a matar

De repente você se maquiou e começou a fingir

De repente o tédio começou nos olhos brotar

De repente a gente teve que se arrumar e fugir

Que vida é esta, meu irmão, que vida é esta?

Talvez não precisasse fazer com tanta pressa

De repente sequer a palavra tem o que falar

De repente não temos nem som para ouvir.

 

De repente a vida começou a ficar curta

De repente a rua começou a se ensanguentar

De repente a gente se beija e então surta

De repente a gente não se pode mais abraçar

Eu não sabia que no fim havia um precipício

Eu pensei que depois do fim haveria reinício

De repente a falsa noite vem e então te furta

E você fica sem ter como do pesadelo acordar.

 

De repente o ar puro começou a ficar pesado

De repente fiquei em apuros e todo sem jeito

De repente até o trem chegou aqui atrasado

De repente começamos a carecer de respeito

Eu achei que era só colocar um esparadrapo

Mas a lona do circo era toda um só farrapo

E o nosso sentimento foi parar no mercado

E nas águas doces do rio só sobrou o rejeito.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 06/12/2021
Código do texto: T7401561
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