DE REPENTE
De repente você se armou e começou a matar
De repente você se maquiou e começou a fingir
De repente o tédio começou nos olhos brotar
De repente a gente teve que se arrumar e fugir
Que vida é esta, meu irmão, que vida é esta?
Talvez não precisasse fazer com tanta pressa
De repente sequer a palavra tem o que falar
De repente não temos nem som para ouvir.
De repente a vida começou a ficar curta
De repente a rua começou a se ensanguentar
De repente a gente se beija e então surta
De repente a gente não se pode mais abraçar
Eu não sabia que no fim havia um precipício
Eu pensei que depois do fim haveria reinício
De repente a falsa noite vem e então te furta
E você fica sem ter como do pesadelo acordar.
De repente o ar puro começou a ficar pesado
De repente fiquei em apuros e todo sem jeito
De repente até o trem chegou aqui atrasado
De repente começamos a carecer de respeito
Eu achei que era só colocar um esparadrapo
Mas a lona do circo era toda um só farrapo
E o nosso sentimento foi parar no mercado
E nas águas doces do rio só sobrou o rejeito.