Queria ser uma pequena criança brincando na neve
( PARTE I - Inocencia )
Queria ser uma criança feliz brincando na neve!
Perdido na imensidão branca!
Perdido no meio das montanhas de roupa!
Sentindo o frio cortando a alma!
Sentindo o nariz gelado, como o de um cachorro!
Queria brincar na neve, para ser o Deus do meu próprio mundo!
Mundo frio, mundo branco, mundo imenso...
Mundo da imaginação!
Talvez eu seja egoísta, talvez não!
Queria ver as árvores secas cobertas de neve!
Queria ver as velinhas caindo no gelo escorregadio!
( e eu ficaria me perguntando: - Por que elas não ficaram dormindo em suas casas? )
Queria brincar de jogar neve!
Queria pegar, com a boca, cada floco de neve que estivesse correndo pelo ar!
Meu mundo...
Quente por ser tão frio!
Legal por ser tão chato!
Feliz por ser tão triste!
Intenso por ser tão suave!
Meu mundo... ... ...da imaginação!
Mundo guardado nas minhas mãos congeladas pelo tempo!
( PARTE II - Solidão )
E se o tempo se for?
E meu mundo desabar sobre ele mesmo?
Hoje olho para a imensidão branca,
e não vejo nada além do branco!
Onde, um dia, houve tanta felicidade, hoje é só um lugar vago!
Será que hoje vou voltar a sorrir,
como quando sorria durante as brincadeiras de criança?
Será que eu devo me sentar no gelo e ver a neve cair?
Será que se eu esperar...
Uma garota virá, do infito, tremendo de frio?
Se ela vir, darei a ela meu casaco!
E darei um sorriso, por rir do modo como ela sente frio!
Rir porque ela odeia a neve!
Rir como nos tempos de crianças,
quando eu ria das velinhas caindo no grande algodão gelado!
Será que a garota virá?
Devo convidá-la para tomar um chá?
Devo acender a lareira?
Será que ocorrerá o encontro...
Encontro tão inocente quanto as brincadeiras que me cortavam no frio...
Tão inocente como o sorriso da criança, que não conhece o mundo...
Espero que ela venha!
Desejo acariciar seus longos cabelos, enquanto ela toma chá.
Desejo rir do modo como ela sente frio, enquanto a lareira a aquece.
Vou esperá-la, aqui no meio da neve!
Enquanto eu observo a descida calma dos pontos brancos
Eu penso: - Será que ela vem?
Só me resta, sorrir e esperar!
( PARTE III - O retorno das lembranças )
Vejo minha filha brincando docemente no tapete aveludado!
Ela, em frente a lareira, com suas bochechas rosadas!
E, lá fora, a neve caindo!
E, lá fora, minhas lembranças!
Em rápidos momentos, vejo o tempo que se foi.
A vejo chegando lentamente e tremendo de frio.
Volto para o presente e vejo que ela já se foi.
Mas ficaram as recordações
Também ficou uma bela garotinha doce, com seu sorriso mágico
Ela está em seu próprio mundo! ( da mesma forma eu fazia )
Ela está fugindo do frio! ( da mesma forma ela fazia )
Seus olhos refletem meus velhos tempos!
Refletem minha vida!
Estou vendo tudo sobre o meu passado, através desses olhos inocentes!
O tempo se foi!
A neve cai lá fora...
Minha filha brinca aqui dentro!
E eu não sei onde estou...
Estou perdido em meu mundo da imaginação!
Não é o mesmo mundo da minha infância!
Agora é um mundo gigantesco de recordações!
Recordações que me afogam...
que me esfriam por serem quentes!
que me chateiam por serem legais!
que me entristecem por serem alegres!
que são suaves por serem intensas!
Meu passado se foi, como a neve derretida no inverno passado.
Hoje, se eu não tomar cuidado. Sou eu quem irá cair no chão escorregadio!
Me sobrou um mar de lembranças e sorrisos,
todos guardados nos olhos inocente de minha filha!
( PARTE IV - O pôr-do-sol )
Já estou velho e cansado!
Basta uma brisa para me congelar!
Os velhos tempos se foram, e as recordações continuam jovens!
As árvores estão brancas!
E o sol está descendo!
O dia teve seu tempo!
A vida se foi...
Observo o pôr-do-sol, e fico me lembrando dela!
Dos longos dias, dos nossos sorrisos bobos,
do seu modo de sorrir, de andar, de falar.
do seu modo de ser!
Quero acariciar aqueles longos cabelos...
Desejo que ela venha.
Mas dessa vez, ela não virá!
Mas dessa vez, não iremos tomar chá!
Mas dessa vez, ela não está aqui!
...dessa vez estarei só!
...estarei sozinho no meu mundo,
acompanhado apenas das minhas velhas amigas,
minhas desbotadas lembranças!
Hoje ela não verá...
Hoje só terei a minha filha por perto!
O rosto da minha filha, alimenta minha recordações!
De um tempo que se foi, e nunca mais voltará!
Olho constantemente para o Sol avermelhado...
Pode a noite descer...