AS SEMENTES DE ZÉ LINS
NÓS SOMOS FRUTOS DA TERRA
Nós somos meninos da roça,
Não somos meninos da rua.
Nós somos meninos do sol,
Não somos meninos da lua.
Nós somos Carlinhos de Melos,
Nós somos Moleques Ricardos!
Não fazemos de areia, castelos,
Cuspimos da cana o bagaço!
Nós somos meninos de engenhos,
Embora engenhos não haja...
Nós somos sementes plantadas,
Quais de milho, feijão e de fava.
Nós somos moleques do rio,
Que da ribanceira pulava!
Nós somos heróis de brinquedo
Mas que de verdade sonhava.
Nós somos cangaço sem guerra,
Nós somos os frutos da terra
Que José Lins tanto amava!
AS SEMENTES DE ZÉ LINS
José Augusto Brito
Do solo bendito
Chamado Pilar,
Foi com maestria
Que fez poesia,
Sua terra a cantar!
Damião Cavalcanti,
Poeta brilhante,
Cronista exemplar;
De vasta cultura
Sua literatura
Ela honra o Pilar!
Frutuoso Chaves
Com a sua memória
Resgata a história
Com veracidade;
É bom jornalista,
Excelente cronista
Da nossa cidade!
Frederico Lima
Na prosa e na rima
É bom escritor,
Seu grande talento
Vem do pensamento,
Eivado de amor.
Evânio Teixeira
Nascido em Figueiras,
Pilar, Paraíba;
Nasceu pra cantar
Seu doce lugar
No palco da vida!
Analice chaves,
Quais cantam as aves
Com gran melodia,
Em todo recanto
É plena de encanto
A sua poesia!
E é com maestria
Que Riso Maria
Canta a sua terra;
Morando distante
Mas seu verso cantante
O endereço não erra!
Rafael Vasconcelos
Tem versos tão belos
De reflexão,
Sobre o ser, a vida,
Sua musa querida,
Seu amado torrão!
Juan Saulo do Monte
É bom que se conte
Sua grande cultura;
Sua verve de artista,
Poeta, cronista,
Da fonte mais pura!
Letícia Pillar
Que espetacular
É o seu talento!
Prosa co’excelência,
Desde a adolescência
Flui seu pensamento!
Gilberto de Freitas
Sabe das receitas
Pra fazer poesia;
É bom sonetista,
Tem verso altruísta
De grande valia!
Todo dia eu penso
Como João Lourenço
Faz a cantoria;
Veio do Corredor
Pra ser cantador,
Com categoria!
Lucimário Augusto
Escritor robusto
De grande paixão;
Resgatou a história,
O passado de glória
De nosso torrão!
Josinaldo Firmino
Cantador nordestino
De grande valor;
Tocando o pandeiro
É poeta e guerreiro,
Na defesa do amor!
O Antonio Ramos,
Ao longo dos anos,
Vem se destacando,
Como um menestrel
Fazendo cordel,
Sua terra cantando!
Severino dos Ramos,
Escritor que abraçamos
Com fraternidade;
Do baú da memória
Também conta a história
De nossa cidade.
Pilar nordestina
Na prosa, na rima,
Encanta os confins;
Somos plantas regadas
Sementes plantadas
Por nosso Zé Lins!
“E AGORA JOSÉ? “
(Parodiando Carlos Drummond de Andrade)
“E agora José?”
Cadê teu sorriso?
Cadê o teu jeito
De grande menino
Querendo brincar?
“E agora José?”
Cadê teu avô
Que não vem te buscar?
Cadê tuas tias
Do velho Pilar?
“E agora José?”
Sem Zefa Cajá,
Sem a velha Totônha
A noite é medonha,
Quem irá te alegrar?
O tempo passou,
O menino cresceu,
E ninguém percebeu
Que o mundo é engano
E que o passado ficou
Em completo abandono!
“E agora José?”
Cadê Papa-Rabo?
Cadê Zé Amaro?
Cadê o moleque,
O amigo Ricardo,
Que foi pra Recife
Para trabalhar?
E agora José?
Cadê teu engenho?
Cadê teu avô?
Teu palco de amor,
Cadê, onde está?
Quem destruiu
O Engenho Corredor?
“E agora José?”
“José, para onde?”
A noite está alta
E sentimos tão forte
A tua falta!
“E agora José?”
Por onde te escondes?
Num ciclo de livros
Que gosto de ler
Sinto-me feliz;
Pois lá encontramos
Mais vivo que nunca
O nosso ZÉ LINS!
O SABOR DA MINHA TERRA
Gosto de caldo de cana madura,
Gosto também de feijão com farinha;
Quem nunca comeu uma rapadura
Não sabe o sabor da minha terrinha!
Gosto de comer, com lambu e rolinha,
Inhame, batata, fava, macaxeira;
Quem nunca comeu picado na feira,
Não sabe o sabor da minha terrinha.
Buchada de bode? – deixa-me louco!
Quem nunca provou traíra de coco,
Mocotó de boi, pirão de galinha...
Não sabe o sabor, não sabe o segredo,
Da terra natal de Zé Lins do Rego...
— O grande sabor da minha terrinha!
© Antonio Costta
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