Voar para algum lugar
Conte-me, contate-me. Afugente todos os seus enigmas mais sombrios e regrida a veste única que te persegue ao anoitecer.
Retome o medo de amar. Retorne ao paraíso de flertar. Cuidado quem você vai se deliciar com sorrisos e promessas de amor.
Rompa a dor e encoste no seu sossego. No seu desalinho fervente de queimaduras internas em escuridões perversas.
Diga a mim mesmo que estou sozinho no andar de cima da vida. No sótão esquecido pela janela aberta em direção ao chão.
Rotulados e enjaulados que querem fugir como bestas. Como um recanto em qualquer lugar da triste cidade que não te esquece.
Atropelamentos. Afogamentos. Injúrias de grupos rivais. Silêncio de alguém que se recusa a voar na busca de algo assim.
Rodízio de açaís. Sorvetes e bolos de milhões e amendoim. Mastigar para esquecer o problema. Comer para resistir a entender.
Paladar se perde na relva fresca da chuva lá fora em madrugada perfeita e diferente. Olhando para as estrelas que ainda brilham.