CERTAS FRIAGENS
A manhã descendo degraus
Dentro do dia que cai das nuvens
Eu deixando-me afundar sempre
Tocando as possibilidades silentes.
Ninguém vai saber dizer no fim
O que causou mais intriga
A manhã descendo goela abaixo
Xarope para matar certas friagens.
O galo canta no canto do mundo
Alertando para a presença do algoz
Que mutila os sonhos enquanto sorri
As minhocas não sabem falar inglês.
Penso que se o dia fosse de outro tom
Um pouco mais escuro por volta das nove
O avião que corta o capinzal com sua sombra
Tornaria apenas um metal que toca o céu.
Não tenho dó do galo e do dia perdido
No meio do calendário no fim da agenda
Apenas lamento os encontros perdidos
E os beijos sem sabor de paixão juvenil.