Atemporal
Não fabrico versos
Os meus são livres
São nuvens carregadas
Explodindo e assustando a cidade
E de provar algo
Não tenho necessidade
Não trago decotes
Caras bocas frases militância
Ou jogos de esconde
Eu quero é ver por onde
Sem ser ourives ou marqueteira
Sou aquela jovem senhora
Com cara de criança birrenta
Cheia de ambiguidades
E saudades
E coisas que não podem ser ditas
Malditas
Amores inversos
Fustigada pelo tempo
Potencial destrutivo da intensidade
Trovoada interna
Força das enxurradas
Desalmadas
Trago vícios
Memórias tristes dos meus avós
Procuro emoção
Meu crachá de identificação
Caminhada solitária ao pôr do sol
Guinada de nuvens que mudam de ideia
E mostram a face de Deus
Que sorri
E me me ilude
Mais uma vez