A VIDA NA ROTINA DA CIDADE
Querer apagar a vida na rotina da cidade
Querer pagar as dívidas sem fim
Buscar amor onde o deserto comeu a beleza
Buscar a flor que sobreviveu à falta de encanto.
O dia e a noite em profunda discordância
A queda que cola meus cacos espalhados
A vertigem de quem traçou metas descabidas
A viagem de quem não tem para onde ir.
Ajudar a poesia sobreviver sobre poeiras
Ajudar a profecia se concretizar ainda hoje
Não busco o amor na quietude da tarde
Não busco a dor no tricotar das teias.
O verso não carece de rima e ruídos
O silêncio atrapalha ouvir os céus
Não subo montanhas em linha reta
Não sei a palavra certa no fim do caso.
Ainda preciso trilhar as curvas da dúvida
Para tocar o profundo do meu ego
E assim entender os sinais singulares da vida
Para assinar minhas ações em segredo.