PRECE GÓTICA
o ruído que produzimos quando
corcundas
tentamos cruzar arcos baixos e
criptas profundas
é o mesmo de outros dias quando
aflitos
batemos os dentes em agonia e
contestamos mitos
a prece que sussurramos quando
leprosos
se propaga pelos aposentos sem vida e
outros cômodos ociosos
de repente silencia quando
vã
nos volta à boca por não encontrar destino
e assim permance orfã
é de existir a raiz da dor que sentimos quando
felizes
abrimos a porta da frente para nossa talidomida e
cuspimos nas meretrizes
que seguiam a marcha quando
surpresas
deram de cara com nossa felicidade pudibunda
e cheia de certezas
ora, é de insistir a matriz da dor que sentimos quando
sozinhos
nos vestimos para nós mesmos diante do espelho de nosso juízo e
imaginamos os vizinhos
que estariam bebendo refresco quando
estupefatos
teriam a prova um tanto desejada de que na verdade estávamos mortos
e ceiávamos com os ratos