Da falta de poesia

Rasguei a folha de papel em mil pedaços.

Estilhacei as frases.

Assassinei cada palavra,

num gesto bruto de pavor à falta de arte

 

Jaz o texto em mil pedaços,

como cacos inertes espalhados.

Letras perfurocortantes prontas pra rasgar a pele.

 

Rasguei o texto num contexto de puro ódio.

E não faz mal.

Já que a palavra incerta traz um mundo de incertezas,

a morte do texto foi a única saída.

 

No texto, jaz e desconstruído,

não havia métrica e tão pouco rima.

Não era poema e muito menos poesia.

Então, bem feito! Pois sem arte não há vida.

 

Por que querer escrever sem alma?

Por que forjar palavras tolas em frases natimortas?

Agora o melhor é uma cerveja, um vinho, talvez um café.

Rasguei o texto por amor à poesia.