O DESENCONTRO DO SAMBA
Alguém falou que isso aqui vai desabar,
mas a gente insiste na fé maltratada,
solitários em meio ao coletivo movido à fome.
Serve no prato o farrapo do verso frágil.
Quando eu subi tropeçando em cada mágoa,
era silêncio que brotava de cada pancada.
Precisa-se de esquina pra mudar a rota,
do olho do mundo oculto na moral.
Cada ânsia, cada cigarro, cada pavor,
eu vi nas carnes retumbantes da miséria,
gritando alto para quem não quer ouvir,
que métrica quebrada também passa pelo asfalto.
Soluço de tristeza mancha lençol esgarçado,
mas amanhã será outro fio da mortalha.
Poeira cobre tudo que é torto e quebrado,
sobra a cinza de qualquer carnaval.