Sobre o amor (ou quando se esquece como se deu)

Eu canto. Eu canto a saudade do meu amor. Eu canto. Canto a saudade de quem ficou. Eu canto. Canto a dor. A dor de quem se foi. Eu canto, a criança, a dança, a flor. A flor do jardim que secou. Canto a vida vivida. O velho que amou. Que foi criança. Adulto e ancião, sábio, se transformou.

Eu não sabia que era amor. Me apaixonei sem saber que era amor. Aconteceu sem ser marcado pra acontecer. O amor é imprevisível. Indestrutível é o amor. É simples, sem complicação.

Existe várias formas de amor. Amor de perto. Amor de longe. Amor exigente. Amor displicente. Amor esquecido. Amor adormecido. Amor contido. Amor expandido, impulsivo, lascivo. Tem amor maroto, assim, quase moleque, serelepe!

Existe amor ausente. Amor escondido. Amor que se esconde. Tem amor de saudade. Amor de amigo. Amor até pelo inimigo. Sim, o amor é tão doido, que pode amar até o inimigo, sem remorso, sem vingança; essa é a essência do amor: amar sem recompensa.

Tem o amor cansado. Reclamado. Tem amor confuso. Amor difuso é menos aceito, mas é amor do mesmo jeito. É um amor espalhado, solto. Que às vezes se perde na soltura. E quando perguntado, reclama que é censura.

Tem amor gritado, anunciado, pra todo mundo ouvir. Tem amor insinuado, aquele que não se diz mas se sabe. Que chega sorrateiro, pouco notado, assim, tipo água mole em pedra dura. Vários são os tipos de Amor. Várias as formas de Amar.

Tem amor mudo. Sem fala, sem confissão. Mas também é amor, só não foi pronunciado. Está ali, guardado, no coração. E esse sofre. Ah, coitado do coração. Como é judiado!