Anjo afogado...

Mirando-se no espelho d'agua azul...

O lago cuspia a beleza!

Homem?

Mulher?

Moça?

Ou velho?

Quem poderia responder?

Pedras não falam...

Mas são escorregadias...

Doces sereias encantadas

Mais amigáveis que perversas

Driblam muito bem o fundo molhado

Ousadia rebelde, porém, muito sua.

Segura o céu com a mão

Garras de ferro que muda o mundo

Vai na força e na raça

Luta não só com fé

Mas ousando ininterruptamente

Abre o espaço que tem direito

Quem pode podar?

Anjo com asas brancas ou pretas...

Azuis ou rosas...

Que importa?

São todos filhos do Rei.

Desencorpa quem diz ser fiel...

Desencorpa anjo purpurinado...

Porque se escondera?

O mundo tem voz!

Antes fosse mudo.

Belos acordes...

Teriam mais sonoridade com profundas verdades.

Quem poderia apagar o arco-íris?

As cores não dizem quem sois.

Ouçam a canção de cada um.

Um ser...

Não importa cor nem sexo...

Apenas o seu universo.

Cadê a roupagem?

Quem sois pra palpitar?!

Talvez um anjo sem asas!...

Anjo afogado,sufocado pela mediocridade

que sofre sob mãos pesadas da sociedade ainda desconfortante.