Anjos
Anjos
dormitaram num reboliço como se de uma dança se tratasse
prolongando-se para dentro do sono na tarantela de uma espiral sem fim,
onde se julgava que só existia bruma e perfis indecisos
que se faziam surgir do imo do buraco vertiginoso
que se transmitiam naqueles círculos a sua volta,
num eco hipnótico e constringente a reverberar
estava um anjo de túnica resplandecente
que nos vigiam em corpo e alma dos atropelos tumultuários
as suas palavras têm uma maneira bizarra de se exprimir
transgride as regras da nossa gramatica,
as suas modalidades de integração no todo que nos rodeia
dá-nos sensação de liberdade Paixão e perdição
sentimos pulsões de angustias,
procuramos na meditação algo radical em mudança,
todas as qualidades de tempo e de sentimentos são-nos incutidos
é a sua sabedoria que atravessa o ar que respiramos
que nos torna aprendizes para uma passagem
menos dolorosa…