PASSEIO

 

Diga ao trabalho para não contar

Com minhas mãos

Com minha voz

Com o meu suor

Que ao menos hoje não conte

Com minha frieza sovadora.

 

Diga ao sol para não me procurar

Pelas calçadas borbulhantes

Entre os transeuntes rápidos

Eu não atravessarei a faixa

Nem pegarei o beco de atalho.

 

Diga ao GPS que não tente

Localizar-me entre a minha gente

Minha cadeira ficará vazia

Sendo socada pela brisa fria

Eu serei ausência em qualquer

Canto

Deste planeta dinâmico

E diabólico.

 

É que eu fui abduzido

Por versos extraterrestres

Que me levaram a passeio

Estou além dos muros da via láctea

Colhendo néctar em flores siderais.

 

Amanhã retorno e distribuo um mel diferente

Para toda a colmeia humana.

Mas o mel do néctar mais especial

Usurpado das gigantes vermelhas

Darei ao meu amor em um beijo profundo.

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 27/11/2021
Código do texto: T7395279
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