Mundano, sim !

Sou mundano

Das mais profundas superfícies

Mundano sim !

Mundano sempre!

Das mais tênues

E fecundas raįzes

Mundano sempre !

Mundano sim !

Promíscuo como os ecos de gritos

A rasgar silencios

Que se evaporam

Com a força do tempo

Transgressor como as flores que deixam rastros nas esquinas

Dos sonhos

Rebelde como os ventos que dilaceram a nudez das sementes e das pétalas!

Perverso como os poetas que como os urubus compõem poemas em tardes azuis sem utilidades

Mas com o fervor da fome da beleza

Sambo em quaisquer guetos - principalmente os que não tem marcas de indiferença que arde e queima horizontes

Danço em qualquer

Em quaisquer becos

Os lamacentos - principalmente

Sou raio mundano

Que perambula

A romper interditos

Dos malditos

A beber a cachaça à margem dos rios marginais e benditos

De mãos dadas

Com as trivialidades

Sorrateiramente

Mundanas a sangrar os lodos

Ligeiramente nódoas

Nos meus passos pequenos

Mundano, sim !

Eu sou !

18102021

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 25/11/2021
Código do texto: T7393420
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