quem és tu
que és tu, que embaixo
de minhas as asas não ouve
meu nome, não me acaricia e
é cheio de pavor, quem és tu
que luta comigo pela primazia
sendo que essa primazia nada
nos dá, salvo uma vertigem
de oxigênio, que é tu, que
sabe e vive, come, dorme
ama em sofrimento, quem és
tu, que me saliva como uma verme
por dentro, quem és tudo que
habita o baixo ventre e não
sobe pra tomar um vento, que
me ignora, que me maltrata que
faz do meu viver um tormento,
quem és tu, que, salvo alguns
momento não me diz o seu rosto,
que me dá paz menos paz do que desgosto,
que me prende às vísceras, mesmo
sabendo que a rua borbulha como
eu queria a vida, que me bate sem
dizer o motivo, que se movimenta
sem me dizer pra onde, que brota
dentro da tarde como um poço de fome.
quem és tu, que dia quer noite, noite
quer dia , e dessa bagunça faz chagas
as minhas feridas, que nunca esquece
uma ofensa, raivoso, medroso, como
se isso, pra viver fosse uma essencial
crença, que me afunda se afundamento,
que sou, mas com outra trama, que quieto
me apavora e se movimentando me devora,
que não me ouve ne com alarde, como
se que aprendeste fosse a pura verdade,
que finge aberto, mas cada vez te sinto
recoberto, que desanima á mínima
infâmia, e com isso destrona minha ânsia
que és tu que não passa de um infante,
achando que sabe tudo, mas não sabe
da missa um instante.