TEMPO ALGOZ
Tempo teimoso,
Persistente,
Vagaroso, mas constante.
Não para,
Nunca,
Nem quando eu preciso.
Por vezes pedi que parasse,
Permitisse-me um tempo,
Para repensar vontades, decisões,
Sem me perder no tempo,
Sem o divorciar da vida,
Mas não, nunca me atendeu.
Teimoso, insistente, persistente,
Nunca me dá um instante sequer,
Para descansar a beira da estrada,
Sem que automóveis continuam passando,
Sem essa pressão que me afronta,
Só queria um sossego, um tempo.
Mas não, nunca atendeu aos meus apelos,
E eu sempre correndo nos seus calcanhares,
Forçado a decidir com o jogo em andamento,
Com a bola do mundo girando em constância,
Puxando-me aos tropeços vida afora,
Ofegando, apressado, correndo, correndo, correndo.
Resigno-me, não tem jeito,
Esse danado não para nunca,
Não compreende minhas pernas cansadas,
Essa necessidade de uma paradinha só,
Para rever o caminho que ficou para trás,
Sem o risco de me perder no tempo.
EACoelho