Na solidão de meu poema

Na solidão de meu poema

há um verso solitário

procurando um aconchego

numa rima inexistente.

Na solidão de meu poema

há um poeta nordestino

contemplando a sua aldeia:

o povo, a igreja, o sino.

Na solidão de meu poema

há um leito degradado

de um rio sequestrado

por empresa de areeiros.

Na solidão de meu poema

há um sabiá sem repouso

procurando uma palmeira

que há tempo foi cortada.

Na solidão de meu poema

há uma gaveta esperando

como sua boca gigante

Meu poema para comê-lo!

ANTONIO COSTTA
Enviado por ANTONIO COSTTA em 22/11/2021
Reeditado em 17/04/2022
Código do texto: T7391499
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