RETRATO DE UMA NOITE.

Não há nada que explica

o meu silêncio .

Nem casebre de campo

em noite de luar,

nem pássaro acuado

com medo do Carcará.

Vejo nesta noite

ela me observando,

viro um pássaro ansioso

louco para piar,

mas não posso, o silêncio

me possui,

sou linha no tear.

Vago no espaço do nada,

e no vácuo da imaginação

aranha tece a teia,

da pesada arte de amar,

enquanto a rede se forma,

viro inseto tentando

da teia escapar.

Vou zumbindo na alma

e no coração,

vou pedindo ruído no silêncio,

ouço ecos do além de mim,

enquanto monstros fazem

coro nas avenidas,

me alimento das divindades

que sobrevoa meus tristes ais.

Sou retrato deste agora,

serra a desabar,

construo um triste poema,

para minha tristeza abafar,

enquanto o silêncio avança,

meu rio corri pro mar,

vou deslizando suavemente

na mira daquele olhar.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 20/11/2021
Código do texto: T7389878
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