POETA VÊ E SENTE
Vejo a sombra do teu eu,
O turvo dos teus ais,
O som dos teus gemidos e tais...
O solo em que tu pisas é breu.
O teu olhar magro,
Tua face desfigurada,
A tua voz embargada;
O teu destino eu deflagro.
E se a flor do teu jardim, está murcha,
A regarei com suaves sais
E farei do teu jardim,
Um belo recanto de pardais.
Nem sei quem tu és!
Apenas senti tuas lágrimas em meus pés,
E agora os teus olhos eu enxugo,
Teu sofrer eu não jugo,
Apenas devolvo o teu sorriso.
Esta vida é muito curta
Para que a alma surta
E desperdice o tempo.
Então, mesmo que não me conheça,
Exijo que tu pares e cresça
Porque um dia perdido
É vida jogada fora;
Que a tua tristeza vá embora
E os teus dias amanheçam felizes.
A poesia atravessa oceanos
Cruza fronteiras inimagináveis
E sempre encontra o seu destino.
Ênio Azevedo