POEMA DO LUNÀTICO
Quem bem me conhece sabe que não mora num canto só do meu coração a palavra arrependimento; em tantos aclives e declives decidi ser imparcial, respirar antes de pronunciar. Desse modo, sigo o fino trato do verbo quando escrevo mas nem sempre de mim, quase em todo tempo dos outros. A calda da serpente chamada atração nunca ventilou em meus pés... tido como louco sou santo! A brevidade de pureza em noção e a astúcia do toque de intensidade, é isso mesmo, um santo louco.
Agora existe outro lado também: ninguém prospera confiança se nunca experimentou comida de rua, então quem mau me descreve ou é ignorante, por acaso cego. Nunca deixei de dar comida à pedinte, e não sou eu quem vai arrumar a mendicância, de falar do amor, das loucuras que há em livros, de que hoje em dia ninguém mais sabe andar de bicicleta, sei até tocar instrumento, bebo bem, até murro em ponta de faca já vi descorrer em meus breves dias.
Pois bem, tudo isso acima só se desenvolve depois de uns dias aqui, acolá, olhando céu e cuspindo chão. Agora mudando o assunto, quando assim escreve logo vem calúnias - dizem que é coisa do autor, experiências ou bizarrice de espírito não revelada. Gente, a galinha que bota o ovo não é a mesma que faz omelete, logo, aqui jaz o poema do lunático.