POEMA QUE SE ESFUMA
POEMA QUE SE ESFUMA
O poema final,
Pronto a cortar,
O incompleto silêncio do nada,
Descende da secura de uma voz,
Pausada e vacilante,
No ar do amor.
As coisas que não se pode dar,
Somente com uma presença,
Sorriem para todas as vezes do alento.
A aproximação, como um presente mortal,
Cuida do bem,
Sem recordar com certeza,
A data diária,
Onde nasce o término.
O pensamento vive de tudo,
O que a vida faz,
Para pontuar gritos.
A perfeição doce da música,
Perdoa a solidão,
Pela nudez da limpeza,
Que se deixa,
Para tornar-se concebível.
O entendimento do ruído, horrível,
Soa na mente,
Para nomear as angústias,
Quando algo prudente,
Talvez busque remédio,
Para a ociosidade do estado.
O sangue dos lugares,
Com um coração que não sente,
Luta pela igualdade,
Sem as perguntas repugnantes da mesmice.
A intimidade da dor pesa,
Pelos passos andantes de dentro.
A sabedoria agora ama,
O dizer livre e duro de um sim.
A demasia já não se importa,
Com a simplicidade que fica,
Num oco, apenas momentâneo.
A circulação segue destruída,
E ninguém se perde no trabalho,
Quando as causas se rompem.
O choro não quer o pranto,
Por adorar a imensidão do bocejo fresco.
Aberto, o impulso,
Alegra-se, para ser,
Um exemplo aos beijos de adeus.
O toque posiciona a carga,
E a infância, amiga e indefesa,
Necessita de idas,
Para acabar com a sensibilidade.
O hoje e o amanhã do outro,
No parênteses do risco,
Ou na paisagem esfumada,
Não existem.
Sofia Meireles.