POEMA QUE SE ESFUMA

POEMA QUE SE ESFUMA

O poema final,

Pronto a cortar,

O incompleto silêncio do nada,

Descende da secura de uma voz,

Pausada e vacilante,

No ar do amor.

As coisas que não se pode dar,

Somente com uma presença,

Sorriem para todas as vezes do alento.

A aproximação, como um presente mortal,

Cuida do bem,

Sem recordar com certeza,

A data diária,

Onde nasce o término.

O pensamento vive de tudo,

O que a vida faz,

Para pontuar gritos.

A perfeição doce da música,

Perdoa a solidão,

Pela nudez da limpeza,

Que se deixa,

Para tornar-se concebível.

O entendimento do ruído, horrível,

Soa na mente,

Para nomear as angústias,

Quando algo prudente,

Talvez busque remédio,

Para a ociosidade do estado.

O sangue dos lugares,

Com um coração que não sente,

Luta pela igualdade,

Sem as perguntas repugnantes da mesmice.

A intimidade da dor pesa,

Pelos passos andantes de dentro.

A sabedoria agora ama,

O dizer livre e duro de um sim.

A demasia já não se importa,

Com a simplicidade que fica,

Num oco, apenas momentâneo.

A circulação segue destruída,

E ninguém se perde no trabalho,

Quando as causas se rompem.

O choro não quer o pranto,

Por adorar a imensidão do bocejo fresco.

Aberto, o impulso,

Alegra-se, para ser,

Um exemplo aos beijos de adeus.

O toque posiciona a carga,

E a infância, amiga e indefesa,

Necessita de idas,

Para acabar com a sensibilidade.

O hoje e o amanhã do outro,

No parênteses do risco,

Ou na paisagem esfumada,

Não existem.

Sofia Meireles.

Sofia Meireles
Enviado por Sofia Meireles em 14/11/2021
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