RETRATO MUDO.
Fui bicho do mato,
homem sem destino,
Letras em livro fechado,
Triste coração menino.
Fui água matando sede,
Terra de boca aberta,
Corpo cansado na rede
Clamando por uma coberta.
Fui matudo, pé rachado,
mulanbento e maltratado,
De cabelos enssebados,
uma pedra ,mundo alado.
Fui pedra ametista,
Bicho sem religião,
Fui os braços firmes e fortes,
Que sustenta está nação.
Fui moleque sem desejos,
Morando no amanhã,
Sonhando com um sol fecundo,
Pra clarear o seu afã.
Fui um pedaço do nada,
que constrói o quase tudo,
E por ninguém me escutar,
me tornei retrato mudo.