Vi teus olhos bem ali

Era tardinha

Apeei do trabalho

Que uso para ganhar o dia

Quando a vida deixa estar

Gosto de ir pro mato

Pra beira do rio das Almas

Quando estou sentido

E a poesia me cutuca

Levo bagagem toda vez

Um arrepio, muitas delas

Como se fosse de urinar

Porque a alma tem sede,

Mas é o coração que despeja

E ali, fincado na areia

Sob frondosas gameleiras

Ele dispara, ri, chora, nada

Busca minha face sob as águas

Mas sei que não estou

Ainda em nuvens

Destampo a aguardente

Formulo coisinhas no céu

E meus olhos começam a pingar

Era tu, ontem, naquele eu

Naquela mata ciliar

Naquele mico, naquela pedra

Na vastidão de estrelas

Cortando a noite do sertão

Que já se fazia, eu ali

Olhando o rio brilhar

Sob lua goiana

E os artifícios sobre a ponte

Aquela de sempre

Com seus carros passantes

De boi, de gente, de venturas

Que me fazem ver mais uma vez

Olhando para cima, buscando astros

A face do Divino

Daribe Simbar
Enviado por Daribe Simbar em 11/11/2021
Código do texto: T7383487
Classificação de conteúdo: seguro