O Buraco

Nas asas da desgraça me perdi

Caindo no buraco que cavei...

À noite, tudo escuro, então, não vi

O monstro humano que me transformei...

A lua, lá no topo, me encarando

Como se eu fosse lobo ou lobisomem...

O medo, no meu peito, soluçando

Enquanto as cores mortas me consomem...

O céu é tão pequeno... Posso ver!

O escuro veste a noite de mansinho...

Estrelas são as almas que, cedinho,

Sucumbem ao terror do amanhecer...

No fundo do buraco, só, padeço

Sem descobrir jamais o meu lugar...

Percebo todo o céu a me julgar

Enquanto, lentamente, anoiteço...

Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 11/11/2021
Código do texto: T7383408
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