O Buraco
Nas asas da desgraça me perdi
Caindo no buraco que cavei...
À noite, tudo escuro, então, não vi
O monstro humano que me transformei...
A lua, lá no topo, me encarando
Como se eu fosse lobo ou lobisomem...
O medo, no meu peito, soluçando
Enquanto as cores mortas me consomem...
O céu é tão pequeno... Posso ver!
O escuro veste a noite de mansinho...
Estrelas são as almas que, cedinho,
Sucumbem ao terror do amanhecer...
No fundo do buraco, só, padeço
Sem descobrir jamais o meu lugar...
Percebo todo o céu a me julgar
Enquanto, lentamente, anoiteço...