Aparências
Duas árvores plantadas
Pela mesma mão que semeou o chão
Beberam da mesma água
Cresceram na mesma terra
Uma de rara beleza
Frondosa e encorpada
Oferecia sombra apenas
A quem vinha pela estrada
A outra pobre coitada
Nanica e desfolhada
Para nada servia
Na beira da estrada
O tempo passa lento
Mas chegou a temporada
E a bela e frondosa árvore
Não deu nada.
Ao contrario a nanica
Abastada de jabuticabas
Era a alegria
De quem por ali passava.
Já não servindo pra nada
A bela árvore acabou sendo cortada
E a outra, a abastada,
Lá estava,
Esperando a nova florada.
Às vezes na vida
Não reconhecemos a utilidade da sombra
Cortamos a árvore errada
Mais tarde é que percebemos
A nossa visão errada
Aí então a gente chora
Por não poder fazer mais nada