O Baile e o Gigante

Há muito tempo se arrasta

Uma dança torpe e sinistra

Em cada corredor de Brasília

Como uma valsa mal embalada

Pactos e acordos macabros

Votações compradas na surdina

Agudas notas de propina

Passos de dinheiro rachados

Dançam os porcos engravatados

Em seus cargos públicos tão leves

Rodopiando, distribuindo benesses

Para seus familiares e aliados

O gigante aplaude adormecido

Desmontes e golpe do vampiro

Sonâmbulo, elege mítico zorrilho

E toda quadrilha de seus filhos

Dorme tranquilo alheio ao descaso

Meio milhão de corpos e moribundos

Nada o acorda de seu sono profundo

Nem o grito da fome dos sem salário

Ronca e ressona embalado

Pela orquestra da falcatrua

Mas eu sonho um gigante acordado

E o sangue de porcos pelas ruas

Murilo Paes Corrêa
Enviado por Murilo Paes Corrêa em 09/11/2021
Código do texto: T7381742
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