PARA O NADA
De pés descalços, piso nos espinhos que me atrapalham a caminhada,
De espada na mão e banhado de suor e sangue,
De alma lavada, por verdade,
Me transfiguro na sorte de uma noite findada,
Iniciada dentro de uma batalha agonizante.
De pés descalços, dou cada passo em direção de não sei onde,
Aperto-me entre os meus braços para sentir-me perto,
Sinto-me distante...
Estou distante...
Mergulhado em caos e tormentas,
Inseguro de mim e dos outros,
Sentindo medo do porvir e de outros,
De outros e de mim!
Entro a madrugada entre livros, choro e ranger de dentes,
Contando quanto tempo ainda me resta para apagar-me,
Sentindo em vão o vão que a alma está perdida vagando,
Presa sem saber onde está ou estará.
Estralo o pescoço, os dedos e dobro os joelhos,
Todos esses membros parecem independentes das minhas vontades.
Causam-me arrepios, suor frio e angustias,
Me refaço assim, no último estralar de dedos a despertar-me injustamente dos sonhos.
Refém do tempo me reconheço,
Os ponteiros do relógio, por que não continuam no chão?
Por que tentar colocar em minha boca, mordaças,
Quando na verdade, o escândalo quem faz é o coração?