Trágica beleza

Um toque de uma flor

E não mais estou aqui

Apenas um toque

Resistir não pude

Sua beleza era tal qual

Os deuses desenham com mãos

Seu cheiro entorpeceu-me

Caí ao chão sem sentidos

Oh, flor, tenha piedade de mim!

Cura-me, tanto quanto me odeias

Tenha-me como ser que lhe admira

Atenha o amor que agora tive!

Flor do mal,

Tão bela!

Flor fatal, cor negra

Preta flor, venenosa

Ao vê-la lá nas alturas

A errada em tocar-lhe, eu fui

Eras e parecias tão serena

A pender com sombras e luz

A própria sombra agora sou

Estou inerte, ao solo

E só se movem meus olhos

Ao ver-te ainda imponente

Tirar a vida de outra curiosa

És feitio fazer

Não há quem lhe atenha,

Terrível ser!

Eu só queria enfeitar meu jardim

Com uma muda

Mudo o som, que desnuda

Cada segundo prostrada aqui

Cai a chuva

És feliz pois se banhas

És mais bela e viva que nunca

Em seu vestido de pétalas negras

E eu uso as vestes do partir

Perco o fôlego lentamente...

Estou morrendo

Morrendo por sentir o veneno

E a última imagem que me vem

É tua estatura, teu olhar

Flor, que quis para mim carregar

Unicamente ninguém te poderá ter

E isso é fabuloso.

E quanto a mim, sabemos, eu mereci.

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 07/11/2021
Código do texto: T7380735
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