DENTRO DO FORMIGUEIRO

Uma pá de escritos na cova dos desvanecimentos

Como um bloco de cimento que serve de alicerce.

Um retrocesso do acesso ao limite do acaso.

Mas devagar a formiga carrega seu fardo

Andam em fileiras, sinaleiras do destino.

Uma a uma, como as letras que se dissiparam.

Um resgate da volatilização demorada.

O peso da incúria estampado nas veias abertas

Como calhas que escorrem as águas de chuva.

Um trecho que me sinto ausente.

Com as mãos algemadas,

Preso aos supérfluos contingentes multicelulares

Ouvidos aos celulares.

E o resto sempre é a sobra

Sobra o que falta no resto dos rostos desguarnecidos.

Palavras que formam o temor da fala.

A fala que teima, ameaça os acordes dos ouvidos.

Donde “repousa” a angustia em seu sepulcro sem flores.

Dentro do formigueiro há despensas?

Como os dicionários que organizam palavras

Nas estantes das letras.

Um trecho que me sinto presente.

Com as mãos libertas,

Distante dos supérfluos contingentes multicelulares

Visões aos luares.

Dentro do formigueiro há fome?

Oposto aos verdugos comedores de letras.

Defecam palavras sorteadas.

E a sobra sempre é o resto

Resto do que ainda resta nos semblantes enternecidos.

Dentro do formigueiro há escritos?

Que ostenta um homem de pé, mesmo com o fardo nas costas.

Assim como as minúsculas formigas...

Rommyr Fonttoura
Enviado por Rommyr Fonttoura em 15/11/2007
Reeditado em 15/11/2007
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