CALMARIAS
Acordei sobre o seu bilhete. Ele dizia
que nunca fomos e nem deveríamos
e que, comigo, em si não se continha.
Logo reparei na sua caligrafia tremida
e quase apressada, separando sílabas
que a sua escrita cursiva não separaria...
(Imediatamente senti o quanto gostaria
que eu pudesse mesmo abrir as cortinas
e receber tudo o que o seu amor amaria).
Você sabe muito bem: foi a minha rainha
e com ninguém mais ouviu aquela melodia,
antes da pausa incomensurável que insistia
no infinito revezado entre a morte e a vida.