Vida que segue

De algum jeito mesmo sem o colo da amada,

jogando fora ou sofrendo na leveza da dor,

sondado em segredo multiplicado,

cometendo erros não perdoados;

Vida que segue!

Semelhante a mesa de botequim,

batendo ou não na dor do coração,

feito gente grande, bobo na regra,

do amor chorado na alma;

Vida que segue

Na lembrança de nuvens

que passam alucinadamente

trazendo lembranças da escuridão

que se foi sem prorrogação;

Vida que segue!

No caminho sem sentido oposto

a força da sua natureza,

suavemente cantada na melodia

Oswaldiana da aflição vivida

em qualquer lugar;

Vida que segue!

No silêncio da despedida,

na partida rumo ao desconhecido,

na solicitude do momento esfaqueado,

no presente da ausência de sua presença;

Vida que segue!

Em mensagens tecladas no âmago

de tudo que transpôs, afeto a amizade,

abandonada na simpatia benevolente

da piedade que o estranho venceu na bravura;

Vida que segue!

Arqueado na curva que leva ao fim, o medo de ir embora,

de esquecer a repugnância da aflição angustiada

na justiça que faz tudo relaxar,

no grito final do jogo da existência humana;

Vida que segue!

Vida que segue com os poetas, pela poesia,

pela canção, pela imaginação,

pela miséria de um coração

buzinado na flauta doce de sua imaginação.