Dia de redenção

Deixo de suicidar minhas manhãs dormindo

para ver lindas manhãs ensolaradas

com nuvem nenhuma no céu.

Belo dia pra caminhar

belo dia pra se energizar com o sol

belo dia pra fazer as paz com meu ego

bela praça de arbustos sombrios.

O pipoqueiro à espera de um troco

o artista aguardando a gravura vendida

que passeio agradável acompanhado do chimarrão.

Vinil raro, a preço raro!

quinquilharias a bel prazer

bonsai grande pela beleza

estatua morta, instável à moeda

cachorros latidos com sacos a tira colo

banda de rock tocando um blues

me transporta a tempos de vinil de 33’ rotações

e aquele frio pampeiro balançando o cachecol.

Bancos cheios de filhos no colo

abraço fraterno de saudade da semana toda

mamadeira morna de bico limpo;

lago cheio de gente a pedalar,

e os “moços” fazendo ativismo de alguma forma.

Ah! Praça linda de rua larga

e quem não desfilou por lá

pessoas vão pessoas vêm

entre uma paquera e outra,

olhando atentos os preços das mercadorias.

Na falta do lambe-lambe

a câmara digital registra o presente

que fica inerte como o passado

da gurizada correndo com bolas, cachorros

e pais atropelados por um tombo sadio

de gargalhadas e cócegas na barriga

até o entardecer de mais um domingo no parque.

JorgeBraga
Enviado por JorgeBraga em 20/11/2005
Reeditado em 23/01/2011
Código do texto: T73745