Com os olhos perdidos no horizonte, ela fitava as brancas espumas que mais pareciam cortinas de voil.
O barulho das águas ensaiava um show de dança sob a leveza de plumas brancas flutuantes no ar.
O silêncio do sol a desaparecer no horizonte fazia o corpo quase adormecer sob a areia morna.
O dançar das nuvens de múltiplas cores completava o cenário de arte e beleza.
De repente surge uma garça que não se contentou com a solidão do porto, rasga o véu das ondas do mar e se permite bailar.
A garça fez seu show e de repente outras garças também seguiram o ritual e o lugar se transformou em um paraíso.
Era só um aviso: o amor estava logo atrás da moça à espera que ela se virasse e estendesse o braço. Bastaria um toque.
Naquela aquarela cintilante nem se lembrava que o colorido do céu se tornara negro e que o frio do vento era puro calor.
A garça era só cantoria. Havia musicalidade em cada gesto e em cada parte do corpo, às vezes com som e em outras, nem precisava... Havia melodia em tudo.