O mato sou eu, sou bicho é de mim
Fui criada feito bicho do mato,
meio bruta, selvagem,
indomável, arredia que só deus.
Sou nascida meio diferente,
quase que nem Guimarães.
Pé sujo e quase sempre descalço
correndo pelo mato, trepando de árvore em árvore.
Não sei, mas desconfio de muita coisa.
Por sorte, desconfio estar alcançando a Grande Humildade.
A de saber coisa pouca,
e a de comtemplar tamanha pequenez.
O mato sou eu.
Sou bicho é de mim mesmo.
Me volto para dentro e
volto a assemelhar a menina que fui
e que carece de correr descalço aqui dentro.
Careço mesmo é de acordar desta espécie de delírio
qual como quem corre em busca da Grande Liberdade.
Vez ou outra ainda arredo, esquivo
Me sinto acuada, então me emboto
Volto para o mato.
Por certo, o mato sou eu.
Sou bicho é de mim.