UM RIO INVENTADO...
UM RIO INVENTADO...
Eu aprendi a viajar para longe da minha moradia.
Invento um carro que não carece de combustível.
Eu mesmo o empurro e me faço de junta de bois.
A força motriz vem da pura imaginação de poeta.
Eu passo por uma estradinha que um véu de teia de
Aranha dança por sobre pés de guabiroba; tem uma
Cruz: falaram-me que é mal-assombrada por almas.
Nem me assombro e as aparições não gostam nada.
Tem uns pássaros estranhos com canto melodioso.
Tem uma tarde morna na beira de um rio inventado.
Umas palmeiras adultas que dá de comer as araras.
Têm uns ninhos onde as pássaras recriam pássaros.
O silêncio da trilha, tão alto que agride meu ouvido.
Gosto deste barulhão de paz; eu amo essas viagens.
Sei idear trilha que me refaz a paz e a sensibilidade.
Sei criar outro ser que me atenua a carranca da face.