O POETA E A PEDRA.

Tem uma pedra

no meu olhar,

é aguda, corta,

e me machuca.

Tento livrar-me dela,

sinto,não é fácil,

por ela faço

versos telúricos.

A pedra rola,

fere canais lacrimais,

instiga meus ais,

não me deixa existir.

Tento pisar,

pedregoso caminho,

dói os pés

tantos espinhos.

A pedra é miragem,

me deixe idealizar,

dar a ela todas as cores,

e ao mundo revelar.

A pedra me desdenha,

é fria lápide tumular,

é canal das tormentas,

pra meu coração passar.

A pedra me suga,

me traga, me evapora,

faz-me frágil estrutura,

vai me olhando ir embora.

A pedra me esnoba,

é bicho peçonhento,

deixa-me no couro as presas,

sangra a alma por dentro.

Quer que eu morra devagar,

sangrando nas noites densas,

para depois me soprar,

fingindo um amor intenso.

Mas brincar com o poeta

é andar em corda bamba,

pois no jogo do amor,

o poeta se encontra.

Se morrer de tal batalha,

o corpo não senti a dor,

se o poeta morrer hoje,

amanhã já ressuscitou.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 24/10/2021
Código do texto: T7370693
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